quarta-feira, 31 de março de 2021

São Luís e o seu pelourinho

 


Quem passa hoje pelo Largo do Carmo(Praça João Lisboa) talvez não faça ideia. Mas ali, em frente à igreja, erguia-se o mais nefando dos ícones do regime escravocrata: o famigerado pelourinho. Local de castigo público dos escravos, a peça representava também o poder municipal, daí sua localização estratégica no centro nevrálgico de São Luís e ponto de maior convívio social da cidade.  

Uma réplica do pelourinho do Carmo (o original foi destruído por populares quando veio a abolição) encontra-se no museu Cafua das Mercês, no Desterro.  Segundo o pesquisador Carlos de Lima era uma coluna alta, trabalhada em feixes espiralados e partidos de base quadrilonga até o capitel.  Sobre este, continua, ostentava-se o aparelho punitivo, onde era exposto o paciente, e que poderia girar sobre um fulcro para que melhor fosse exibido para os transeuntes o degradante espetáculo.

Outro exemplar de pelourinho no Maranhão é o de Alcântara. Bem mais famoso do que o do Largo do Carmo, este ainda se encontra no local de origem. Mas ao que se conta, nem sempre foi assim. Depois da abolição, ele também teria sido retirado e escondido, como forma de apagar a mancha da escravidão. Porém foi colocado de volta, segundo alguns, pelas mãos de Mãe Calu, uma ex escrava que achava que o pelourinho devia ficar, sim, ali, exposto ao escrutínio público, para que ninguém esquecesse das crueldades do regime, e desse modo não desejasse sua volta.

 

Adesão do Maranhão à Independência