Quem passa hoje pelo Largo do Carmo(Praça João Lisboa) talvez não faça ideia.
Mas ali, em frente à igreja, erguia-se o mais nefando dos ícones do regime
escravocrata: o famigerado pelourinho. Local de castigo público dos escravos, a
peça representava também o poder municipal, daí sua localização estratégica no
centro nevrálgico de São Luís e ponto de maior convívio social da cidade.
Uma réplica do pelourinho do Carmo (o original foi destruído
por populares quando veio a abolição) encontra-se no museu Cafua das Mercês, no
Desterro. Segundo o pesquisador Carlos
de Lima era uma coluna alta, trabalhada em feixes espiralados e partidos de
base quadrilonga até o capitel. Sobre
este, continua, ostentava-se o aparelho punitivo, onde era exposto o paciente,
e que poderia girar sobre um fulcro para que melhor fosse exibido para os
transeuntes o degradante espetáculo.
Outro exemplar de pelourinho no Maranhão é o de Alcântara.
Bem mais famoso do que o do Largo do Carmo, este ainda se encontra no local de
origem. Mas ao que se conta, nem sempre foi assim. Depois da abolição, ele também
teria sido retirado e escondido, como forma de apagar a mancha da escravidão. Porém
foi colocado de volta, segundo alguns, pelas mãos de Mãe Calu, uma ex escrava
que achava que o pelourinho devia ficar, sim, ali, exposto ao escrutínio
público, para que ninguém esquecesse das crueldades do regime, e desse modo não
desejasse sua volta.