domingo, 28 de março de 2021

Passeios pela História do Maranhão - Adesão do Maranhão à Independência (2)




Na primeira parte deste episódio, Rafa e Amarilda chamam Touchê para uma aula de história. O tema: Adesão do Maranhão à Independência, assunto da próxima prova para a qual os dois sabem muito pouco, ou quase nada. Se não leu a primeira parte, clique AQUI e volte lá. Se leu, vá em frente.


    

II

         – Conte, Touchê, o que aconteceu com São Luís depois do tal mercenário escocês ameaçar mandar chumbo – pediu Rafa.

        – Vou contar sim – disse Touchê, dando um último gole no suco de bacuri. – Mas vamos por partes. Primeiro, é bom que saibam o que é um mercenário. E mercenário nada mais é do que um soldado que serve a um governo estrangeiro não por amor àquela pátria, mas em troca de dinheiro ou outros ganhos materiais.

– E qual o nome desse soldado de aluguel? – perguntou Amarilda.

– Se tivessem estudado, saberiam, pois está no livro de história de vocês. O nome do homem era Thomas Alexander Cochrane, um lorde contratado por D. Pedro I para lutar contra as províncias que, como o Maranhão, além da Bahia e Pará, se opunham à independência.

Nesse ponto Rafael levantou uma questão.

– Por que contratar um estrangeiro? No Brasil não tinha quem pudesse erguer a espada contra os teimosos?

– Na verdade, não – disse Touchê. – O que havia por aqui era uma Marinha ainda desorganizada, com almirantes pouco experimentados em combate. Além disso, todos eram portugueses, ou seja, suspeitos para lutarem pelas causas do Brasil. Enfim, desesperado atrás de alguém que tomasse à frente do movimento, foram atrás do escocês, que tinha um currículo de dar inveja. Para terem uma ideia, o homem era respeitado até pelo famoso Napoleão Bonaparte.

– Pronto Touchê, você já disse o que é mercenário e quem era o tal Thomas Alexander Cochrane. Pode agora contar o que aconteceu a São Luís depois da sua chegada? Desembuche! – disse Amarilda.

– Então lá vai. Embora fosse bom nas batalhas, lorde Crochrane usou, ao chegar na baía de São Marcos, de uma estratégia a fim de evitar o uso da força bruta. Ao se aproximar, mandou hastear, em vez da bandeira brasileira, uma bandeira britânica. Ora, como a Inglaterra estava fora da confusão, os militares que vigiavam a área enviaram a bordo do navio São Miguel um oficial com mensagens de boas-vindas. Foi botar os pés na embarcação de Cochrane o tal oficial foi surpreendido e preso, mas libertado em seguida levando ao governador uma carta exigindo a rendição. Caso contrário...

– Iria chover chumbo grosso na cidade.

– É isso aí. E o governador se rendeu. Até porque, como logo se soube, forças do exército brasileiro se aproximavam da capital vindas do interior, de modo que seria estupidez resistir contra as duas frentes.

Finda essa parte, Amarilda perguntou, curiosa:

– E quanto, Touchê, o lorde escocês cobrou para libertar o Maranhão de Portugal, já que ele trabalhava por dinheiro?

– Coisinha pouca – disse Touchê, com ar de ironia. – Dizem que umas 100 mil libras esterlinas, o que equivaleria a alguns milhões de reais atualmente. Isso sem falar em propriedades e mercadoria a borde de diversos navios.

Amarilda ficou vermelha de raiva.

– Que absurdo. Esse tal Crochane, que tá mais para crocrete estragado, saqueou a cidade – ela concluiu, fula.

– Pode-se dizer que sim – concordou Touchê. – O que não impediu dele ser recebido com muita pompa por D. Pedro I no Rio de Janeiro, onde foi agraciado com a Ordem do Cruzeiro do Sul e o título de Marquês do Maranhão. Certo é que no dia 28 de julho de 1823 o Maranhão aderia definitivamente à independência, sendo o último a libertar-se definitivamente de Portugal.

Adesão do Maranhão à Independência