sexta-feira, 16 de abril de 2021

Fé, crime, lenda, arte: a movimentada história da igreja dos Remédios

 


Toda cidade tem seus tesouros, muitos deles escondidos. São Luís não foge à regra, muito pelo contrário, bastando um pouco de atenção para descobrimos preciosidades, como esse belo vitral da Igreja dos Remédios.

A igreja dos Remédios fica num ponto privilegiado da cidade, a Praça Gonçalves Dias. Sua história tem início em 1719, quando o síndico dos religiosos da Ordem dos Reformadores de São Francisco doou a um português a Ponta do Romeu (assim se chamava o local) para que ali fosse construída uma ermida. 

Já naquele mesmo ano essa ermida tornava-se centro de romarias. Até que um escravo, depois de assassinar um senhor, se escondeu no matagal próximo. E isso foi o suficiente para os populares, apavorados, desaparecerem dali.

Mais tarde, com a expansão da cidade, a capela viria a ser novamente frequentada. Para, finalmente, em 1804, dar lugar à uma igreja sob a invocação de Nossa Senhora dos Remédios, que eleita protetora do comércio e da navegação foi sendo ao longo dos anos aprimorada e enriquecida.

"Corre que a Manguda vem aí!, história inspirada na famosa lenda




















A região, vale acrescentar, está ligada também a uma das lendas mais famosas de São Luís, a da Manguda, alma penada que nas noites escuras apavorava quem circulasse por aquelas bandas. E que, apesar do terror que provocara, mais tarde descobriu-se se tratar de trapaça. Na verdade, o fantasma em questão não passava de uma criação de contrabandistas para assustar os curiosos e enxeridos do entorno do porto do Jenipapeiro, ali pertinho, o qual era usado para desembarcarem suas cargas criminosas. Cargas que, ironicamente, eram repassadas, adivinhem, para comerciantes ludovicenses. Os mesmos fervorosos, talvez, que haviam tomado Nossa Senhora dos Remédios como madrinha e protetora.

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