quarta-feira, 24 de março de 2021

Passeios pela História do Maranhão - Adesão do Maranhão à Independência (1)

Amarilda e Rafael estão em dificuldades. A prova de história se aproxima e eles não sabem bulhufas do assunto que vai dominar metade do teste: a adesão do Maranhão à Independência. Então resolvem chamar o mestre Touchê para dar aquele empurrãozinho.

 

I

O feriado de adesão do Maranhão à independência estava se aproximando. Como sempre fazia, a professora Ester anunciou que pelo menos metade do teste de história seria sobre o tema. Ora, a prova seria dali a dois dias, e até o momento Amarilda não estudara patavina. Enquanto Rafa tinha sim estudado, mas com um detalhe: só sabia a respeito do assunto se ninguém lhe perguntasse. Se alguma questão fosse levantada para que falasse ou escrevesse, dava-lhe, como dizia, um tremendo branco. “Esse é o problema de certos sabichões, vivem dizendo que sabem tudo, mas quando tem que defender o título, o castelo desaba”, debochava Amarilda. O fato, porém, é que nenhum dos dois estava preparado para o que viria pela frente. Sabiam também que se continuassem naquela discussão, seria pura perda de tempo, de modo que o melhor  mesmo era chamar o mestre Touchê para uma aula de última hora.

– Por que não se programam para estudar para as provas com antecedência? Aliás, o correto era estudar sempre, e não apenas quando os testes são marcados. Se fizessem assim não teriam esse tipo de problema – disse Touchê, ao atender o chamado. Profundo conhecer de História e histórias, ele sempre era requisitado quando as crianças tinham problemas de aprendizado na escola.

– Agora é tarde e Inês está pela hora – disse Amarilda, envergonhada e preocupada. Se tirasse zero, adeus a prometida viagem prometida pelo pai aos Lençóis Maranhenses.

– Então vamos lá, que não temos tempo a perder. O que tá pegando? – Touchê quis saber.

– O assunto da próxima prova de história é Adesão do Maranhão à Independência, e a gente não sabe nada.

– Pra falar a verdade, até ontem eu ainda sabia o que era Adesão. Agora, nem isso – reconheceu Rafa, baixando a cabeça.

– Tudo bem. Nada de estresse. O tema é dos mais importantes e merece ser estudo, ainda que não fosse assunto de prova. Prestem atenção. Aconteceu que mesmo depois de D. Pedro I proclamar a independência do Brasil, o Maranhão, assim como outros estados, pretendeu continuar sob o domínio de Portugal. Isto porque havia por aqui uma influente colônia portuguesa, cujos membros não queriam perder seus privilégios. Ora, isso só poderia terminar em confusão, e foi o que aconteceu. Logo os que defendiam a independência e aqueles contrários a ela começaram a se enfrentar. Decidido a pôr um fim na bagunça, o governo resolveu agir, enviando para a região tropas imperiais para reprimir os rebeldes. Teve muita briga. Muita violência. Até que em 1823 (lembrem que o grito de independência foi em 1822), algo aconteceu. Certo mercenário escocês comandando uma poderosa esquadra aportou na baía de São Marcos, e de lá mandou uma ordem que deixou todo mundo de cabeleira em pé: “ou aceitam cortar de uma vez os laços com Portugal, ou a cidade vai levar chumbo. Entenderam? Chumbo grosso”. Foi um pavor geral. Quem corria corria, quem se escondia se escondia. Até que aconteceu sabem o que? – perguntou Touchê, juntando as sobrancelhas para aumentar o suspense.

– A cidade levou chumbo?

– A cidade não levou chumbo?

– Se levou, quem era esse mercenário escocês que veio lá da caixa pregos bombardear São Luís?

– E como era o nome do mercenário?

– E o que é, afinal de contas, mercenário?

Touchê sorriu da curiosidade das crianças. Mas disse que só explicaria tudo direitinho se pudesse dar uma boa molhada na garganta.

– Ou nesta casa não se oferece mais às visitas uma água fria, um suco de bacuri, ou de cupuaçu?

– Claro que sim. É pra já – disse Rafa, envergonhado com a falta de atenção. E foi voando para a cozinha, doido para saber mais da história da adesão do Maranhão à independência. (CONTINUA)

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Adesão do Maranhão à Independência